Pesquisa descreve perfil clínico e epidemiológico de pacientes internados com COVID-19 em Uberaba
Pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e colaboradores avaliaram e descreveram o perfil clínico epidemiológico de pacientes diagnosticados com COVID-19, nas formas moderadas e graves da doença, entre o período de 25 de março e 21 de outubro de 2020. A pesquisa acaba de ser publicada em um periódico científico internacional.
Os 395 pacientes avaliados no estudo foram internados com doença gripal e suspeita de Covid-19 em três hospitais da cidade de Uberaba (Hospital Universitário Mário Palmério, Hospital Regional José Alencar Gomes da Silva e Hospital Unimed São Domingos). Esses hospitais foram os responsáveis pelo atendimento de todos os pacientes da macrorregião do Triângulo Sul que abrange 27 municípios e uma população de aproximadamente 1.3 milhões de habitantes.
A pesquisa, que perdurou por dois anos, foi realizada no laboratório de Imunologia da UFTM. O estudo chefiado pelos professores e pesquisadores Carlo José Freire Oliveira, Marcos Vinicius Da Silva e Virmondes Rodrigues Junior, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, fez parte da dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, desenvolvida pela acadêmica Bruna Raphaela Oliveira Silva e contou com a colaboração de mais de vinte integrantes.
A pesquisa
A equipe do estudo levantou informações como idade do paciente, hospital de internação, resultados do teste SARS-CoV-2, duração dos sintomas antes da hospitalização, tempo de internação, sexo, mortalidade, diagnóstico de comorbidade pré-existente e medicamentos administrados contidos em prontuários e inseridos em uma ficha eletrônica. Os dados foram avaliados para geração de indicadores para um melhor manejo e intervenção.
Foram encontrados, no período do estudo, 395 pacientes internados em Uberaba, com suspeita de formas moderadas ou graves da doença. Desse total de casos, 82% foram confirmados como positivos para Covid-19, por análise de qRT-PCR de “swabs” nasais. Os pacientes avaliados tinham idade mínima de 14 anos e máxima de 100 anos. A média de idade dos pacientes com resultado positivo foi de 58,4 anos, sendo 60,76% do sexo masculino. Acompanhando esses pacientes ao longo de sua internação, foi observada uma taxa de mortalidade de 31,3%.
Na população positiva para Covid-19, a pesquisa observou que o risco de morte aumentou 4% para cada ano de idade do paciente. Da mesma forma, a idade mais avançada foi associada ao maior tempo de internação e maior risco de desenvolver insuficiência respiratória aguda. Entre os tratamentos testados em pacientes, a utilização de anticoagulantes foi associada a uma menor taxa de mortalidade. As comorbidades em pacientes com a doença foram positivamente relacionadas com o aumento do tempo de internação.
Em resumo, este estudo revelou que idade, a presença de comorbidades, o tempo de internação e o tratamento medicamentoso alteraram consideravelmente a letalidade por Covid-19. De acordo com os autores, os dados colaboram com a compreensão de fatores que se associaram positivamente ou negativamente durante o período da pandemia. “Os dados deste estudo mostram claramente que as descrições epidemiológicas da COVID-19 na região geram indicadores importantes para o aprimoramento dos serviços em saúde e acompanhamento dos pacientes acometidos com a doença. Ainda, mesmo que a pesquisa não indique nenhuma terapia medicamentosa é possível verificar aquelas com maior associação de sucesso. Por fim, vale a orientação que a vacina é fundamental e que os medicamentos até então testados só devem ser indicados por um profissional de saúde devidamente habilitado”, ressaltou o pesquisador Carlo Oliveira.
A publicação
O estudo foi publicado neste mês em uma revista internacional prestigiada pela comunidade científica, denominada “Frontiers in cellular and infection microbiology”, especializada em doenças infecciosas.
O estudo pode ser encontrado na integra no “link” a seguir:
Imagens: Divulgação/UFTM
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